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Viva Volta

por Rodrigo Campanella

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(Dir.: Heloísa Passos. Brasil, 2005, 35mm)

Caso raro, tudo em “Viva Volta†casa bem: a fotografia, a montagem, a trilha sonora, as declarações escolhidas e as intenções que levaram a diretora a fazer o curta. Intenção que é explicitada logo de saída: dar crédito, na terra natal brasiliana, ao trombonista Raul de Souza, reconhecido somente no exterior como um dos melhores do mundo em seu instrumento.

Para provar que o reconhecimento é merecido, a diretora Heloísa Passos une, literalmente, por a+b algo como trinta anos de carreira de Jorge, em apenas duas grandes cenas de performance musical, sendo que tanto a quanto b contam com Maria Bethânia. A primeira é retirada do documentário “Saravahâ€, dirigido por Pierre Barouh em 1969, enquanto a segunda promove o reencontro entre os dois músicos mais de trinta anos depois. Especialmente na segunda, o trabalho de câmera mostra uma devoção pelos músicos que é algo fora do comum.

A diretora Heloísa Passos escolhe com habilidade as declarações do músico sobre sua história, o gozo da vida depois de anos na Europa (“eu quero ter uma casa pra beber champanhe com meus amigosâ€) e a questão de nunca ser o filho pródigo a cada vez que volta.

“Viva Volta†é simples na estrutura e na proposta. A simplicidade pode dar a impressão de documentário com jeito de institucional, mas aqui sobra o que faz a maior falta em qualquer apresentação burocrática feita por encomenda: um interesse genuíno pela história que conta.

A fotografia, sempre quente, parece feita de veludo. Nela aparece um Rio de Janeiro impressionista, com gosto de música. Ao final, conhecendo tão pouco, você também termina apaixonado pelo trabalho de Raul de Souza. Mérito de Heloísa, que tem a habilidade de construir na tela esse amor que se transfere.

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