Começou a partir de uma brincadeira. Ao elaborar idéias para o seriado "Felicity", o autor J.J. Abrams pensou na possibilidade de sua personagem-título passar o verão trabalhando como uma agente secreta e retornar para a vida acadêmica como se nada daquilo tivesse acontecido.

Foi aí que ele expandiu o conceito para um universo completamente novo. Surgiu "Alias", uma trama complexa que une o mundo da espionagem com dramas familiares. A partir desses dois compostos tão diferentes, Abrams estabeleceu um marco criativo na televisão: grandes seqüências de ação no melhor estilo ‘vamos direto ao ponto’ (ou seja, à porradaria) entremeadas por um drama pessoal complexo e bem construído.

A sinopse é criativa: Sydney Bristow é uma agente que, após uma série de testes, foi recrutada pela CIA para trabalhar numa divisão secreta do governo norte-americano. Pelo menos é o que ela pensava. Quando Sydney decide revelar o segredo a seu futuro marido, ele é assassinado a mando de seu chefe, Arvin Sloane, para coibir o vazamento de informação. Inconformada, ela decide largar a agência. Com a vida em risco por causa da decisão, o pai de Sydney, Jack, lhe conta toda a verdade: ela na verdade trabalhava para o inimigo que pensava combater. Sloane era chefe da SD-6, uma organização criminosa muito ramificada, que se fazia passar pela CIA para levantar armas, informações e dinheiro. E o próprio Jack, seu pai, um homem que ela mal conhecia, também era um agente duplo, filiado à organização de Sloane.

Sydney Bristow: mais de dez línguas e dezenas de disfarces

Sydney então procura a verdadeira CIA e oferece a proposta de atuar como agente dupla, realizando contra-missões. A partir daí, ela se vê obrigada a mentir, não só para seus melhores amigos, como também para seus companheiros da SD-6, gente enganada como ela. Seus únicos aliados são seu pai e Michael Vaughn, seu contato na CIA, por quem ela se apaixonaria tempos depois.

Tudo isso no primeiro episódio, considerado por muitos o melhor piloto de uma série de TV. Dele, é que deriva o complicado jogo de mentiras, trapaças e relacionamentos intricados, que permeou o seriado pelas temporadas seguintes. A incerteza sobre o que afinal era o legado de Milo Rambaldi (alguém falou de Lost?) dava o tempero final para que a trama nunca se fechasse e rendesse atenção e unhas roídas por mais uma dezena de capítulos.

Apesar de nunca ter se tornado um fenômeno de audiência, "Alias" angariou uma legião de fãs que elevou o seriado ao status de cult. O show também foi responsável pela consagração da atriz Jennifer Garner, hoje casada com Ben Affleck.