Ah, a Escócia. Lugar aprazÃvel, cheio de pontos turÃsticos interessantes e cultura peculiar onde homens usam “saiasâ€, mas enchem a cara de uÃsque. PaÃs de sotaque lindo e bandas boas. Sim, muito boas. Mas não pense que estou me referindo apenas aos igualmente bons Travis e Franz Ferdinand. A Escócia tem muito mais. E é de lá, no auge de seu sucesso no mundinho indie, que veio parar justo em Recife, para felicidade de meus conterrâneos, a fofa Camera Obscura.
Deixa, achei o vestidinho xadrez
Chamados de primos do Belle & Sebastian, os escoceses do Camera Obscura trazem um rock fofo e dançantinho e ao mesmo tempo melancólico; e talvez por isso, tão fascinante, como os compatriotas. E a expectativa por aqui foi grande para os indies, mais chegados à banda, que lotaram a boate Club Nox. Até os hypes e descolês perguntavam: “Camera o que?â€. Agora imagine a cena: indies puro sangue num lugar que só vai playboyzinho e paty? Realmente foi bastante interessante ver os playboyzinhos chegarem nos carrões achando que ia rolar bate-estaca a noite toda e dar de cara com o Whisky Festival - que teve edições em São Paulo e no Rio de Janeiro - e um mundo de pessoas que vestem xadrez e usam all star branco. E do jeito que o sucesso está batendo à porta, o Camera já pode se considerar uma das bandas mais famosas da Escócia.
Mas vamos ao que interessa. A abertura da noite ficou por conta do jornalista e DJ Lúcio Ribeiro, que colocou geral pra chacoalhar o esqueleto ao som de Franz Ferdinand, Moby, Arctic Monkeys e Hot Chip, entre outros sons classe A. Quase que pontualmente, a 01h06 da manhã, o Camera Obscura sobe ao palco. E foi aquele alvoroço habitual. Tanto que pode ter assustado um pouco a vocalista Tracyanne Campbell, que só mostrou entusiasmo mesmo na execução de “French Navyâ€, que aliás, levou todo mundo a cantar junto. Mas Tracy, relaxa, gata. A galera aqui é assim mesmo.
Esfrega-esfrega
Começaram com a belÃssima “My Maudlin Careerâ€, e depois deram vez a muitos sucessos conhecidos do público que estava no Club Nox, como a perfeita-pra-dançar “Swans†e a introspectiva “Tears for Affairsâ€. “The Sweetest Thingâ€, “Forest and Sands†– que foi de pegar o imaginary boyfriend e dançar coladinho†– e “Jamesâ€, trataram logo de fazer cair lagriminhas no cantinho dos olhos. Mas aÃ, quase colocando a casa abaixo, vieram as execuções de “Lloyd, I’m ready to be heartbroken†e a já comentada “French Navyâ€.
A acústica da casa não ajudou muito, como também o fato das menininhas embriagadas se esfregarem em tudo e em todos, procurando a todo custo um pseudo-ombro pra encostar a cabeça nas musiquinhas tristes. Mas pra chorar ou pra sorrir, bom mesmo foram as quase duas horas de músicas lindas e o clima super escocês, com direito a uÃsque grátis e tudo o mais, mesmo que lá fora imperasse o calorzinho massa de Recife.