Busca

»»

Cadastro



»» enviar

Friendly Ed

Friendly Fires ao vivo no Popload Gig, RJ - Circo Voador 15/8/09

por Rodrigo Ortega

receite essa matéria para um amigo

Um daqueles gringos tradicionais de cara rosada e caipirinha na mão andava pelo Circo Voador antes do começo das apresentações do Popload Gig, festival que levou os brasileiros Brollies & Apples, Copacabana Club e os ingleses do Friendly Fires ao Rio de Janeiro, com reprise dois dias depois em São Paulo. O gringo conversava com quem aparecesse pela frente. Não foram tantas pessoas até que alguém ligou uma câmera e apontou um microfone para ele e todo mundo percebeu: o gringo era Ed Macfarlane, o vocalista dos Friendly Fires.

Mesmo depois de subir no palco e fazer um show pesado e dançante, na estreia da banda no pais, ele continuou buscando contato com as pessoas do lugar, dessa vez bem mais próximo. Ainda no final da apresentação, Ed desceu para o meio da aglomeração de pessoas mais animadas do público para dançar junto com elas, como se a banda que estivesse ali em cima não fosse comandada por por ele.

Uma hora depois do show, com o Circo não mais semi-cheio, e sim semi-deserto, a aglomeração na frente do palco persistia, mesmo sem ninguém mais lá em cima. Era Ed Mac que tinha voltado para junto das pessoas, respondendo a todas as perguntas e tirando fotos.

"Kiss of Life"


Tanto interesse dos Friendly Fires pelo Brasil não é novidade. Uma das músicas que mais fizeram o público imitar a dança desengonçada de Ed foi "Kiss of Life", primeiro single da banda após o bem-sucedido disco de estréia, que está concorrendo ao Mercury Prize, sinal do reconhecimento país de origem deles. Na nova faixa, o guitarrista Edd Gibson, mais alto e com menos cara de criança do que o vocalista, pega um tamborim, que ajuda a associar as batidas da música com o mais famoso ritmo brasileiro.

Se "Kiss of Life" é a melhor explicação física da associação entre o país do samba e a banda de Ed e Edd (o terceiro integrante, baterista, não se chama Eddy, e sim Jack Savidge), "Paris" é a explicação espiritual. A música que encerrou o curto setlist antes do bis é a faixa mais conhecida deles. Apesar de os versos "One day we're gonna live in Paris / I promisse" falarem de um lugar mais próximo da Inglaterra do que do Brasil, eles têm o espírito de idealização e aventura dos Friendly Fires.

Cantar sobre lugares que nunca se visitou, reconstruir um ritmo que não se conhece, se jogar ao desconhecido. Foi isso que aproximou os Friendly Fires do Brasil e criou um sentimento recíproco naquela ótima noite. A parafernália eletrônica e analógica gerava um som ao mesmo tempo moderno e cheio de referências, melódico e viajante sem nunca abrir mão do groove. E acima de adjetivos e rótulos, o interesse musical e pessoal genuíno fazia com que gringos com tamborins e rebolados no Rio de Janeiro parecessem bem menos ridículos do que se possa imaginar.

"Jump in the Pool"


Ps: Brollies & Apples foi vergonhoso. E Copacabana Club é uma ótima banda, mas alguém devia pedir pra vocalista parar de imitar a Lovefoxxx no palco.

» leia/escreva comentários (1)