Em 1999, eu tinha 15 anos. Era o auge da minha adolescência (não que eu goste de lembrar a respeito). Mas aquele ano teve outro auge, bem mais relevante. Abrangente. Marcante.
Há dez anos, os adolescentes Eric Harris e Dylan Klebold entraram armados na escola de Columbine, no Colorado (EUA). Vestidos com sobretudos pretos, os dois mataram treze pessoas e em seguida se suicidaram. As mais variadas fontes do entretenimento foram apontadas como possÃveis responsáveis pelo massacre, da música de Marilyn Manson ao game “Doomâ€. Sobre a vestimenta que os dois estariam usando, falou-se muito que teria sido inspirada por um filme que ainda não havia estreado no Brasil, mas já fazia um tremendo sucesso por lá.
E pensar que tudo começou com uma mulher sendo surpreendida por quatro policiais quando usava um computador.
Quando Trinity se levantou com as duas mãos na cabeça e de repente saltou, sabÃamos que havia algo de muito diferente ali. Ela não pulou simplesmente. Ela parou no ar. E a câmera, como se funcionasse à velocidade da luz, girou suavemente à sua volta. Naquele momento, todo mundo soube que não estava vendo só mais ‘outro’ filme de ação.
Efeitos especiais revolucionários (e usados com a parcimônia necessária para não cansarem – vide as sequências) tiravam o fôlego quando vistos pela primeira vez. E conviviam pacificamente com conceitos complexos e diálogos retóricos recheados de frases de efeito.
Toda essa mistura resulta em sua narrativa com cara de (vÃdeo)arte contemporânea, fragmentada, amálgama, por vezes confusa e assumidamente apocalÃptica. “Matrix†não inventou a roda, mas mostrou como construir novos tipos de sintaxe dentro de uma indústria frequentemente acusada de falta de originalidade. De quebra tornou-se um emblema dos anseios de indivÃduos cada vez mais dependentes social, cultural e economicamente das tecnologias virtuais.