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Samba de FM

Maria Rita ao vivo em Belo Horizonte - No Chevrolet Hall, 29/03/08

por Lucas Galvão

Fotos: Lucas Galvão

No dia 29 de Março, Maria Rita aterrissou em Belo Horizonte para mostrar seu novo trabalho, “Samba Meuâ€, no qual se debruça sobre esse que é tido como um dos mais brasileiros dos ritmos. Quase cinco anos após ter despontado como cantora, a apresentação se realizou não numa pomposa sala de concertos, como antes, mas na arena do Chevrolet Hall que, convenhamos, mostra-se bem mais adequada a um show de samba, mesmo com a venda de cadeiras setorizadas.

A cantora dividia as atenções com Lobão, Fernanda Takai e Milton Nascimento, que se apresentavam em BH no mesmo dia. Ainda assim, um bom número de pessoas compareceu ao local para recebê-la, em sua maioria com idade entre os 25 e 40 anos e pertencente ao sexo feminino. O público surpreendeu até a mim, que ouço falar mais mal dela do que bem. Quem sabe por conviver com pessoas que tem nojinho de MPB de FM. No show fica nítido, no entanto, que o público de Maria Rita não é esse, mas sim um consumidor muito mais geral, talvez por ser filha de Elis Regina e em função da divulgação de suas músicas através das novelas da Rede Globo.

O abrir das cortinas revelou um palco azulado e de clima angelical, a se encontrar com a voz da cantora que entoava lentamente, sem qualquer instrumento, a introdução de “Samba Meuâ€, como na abertura do disco. “O Homem Falou†veio logo em seguida, com uma troca de iluminação para que o show começasse de fato. E começou com Maria Rita mostrando a que veio.


Maria Rita e sua banda.

Posicionada no centro do palco e cercada por uma banda competente, a cantora mostrou uma desenvoltura muito maior do que se esperaria por sua singela voz. O desfile dos sambas de seu último disco foi acompanhado por muitos rodopios, braços erguidos, andadas pelo palco e interações com o público, numa postura que, pelo menos inicialmente, me lembrou muito Clara Nunes. O jogo de palco, no entanto, esbanjou sinceridade, e ajudou o time de sambas a ser coroado nos braços da torcida. Sucessos como “Num Corpo Só†e “Tá Perdoado†fizeram o deleite do público, que cantou junto e sambou até mesmo no setor das cadeiras, deixando as formalidades de lado.

Como nem só de samba vive Maria Rita, uma incursão nos sucessos de seus outros discos era inevitável. Auxiliada por uma ágil troca de cenário de fundo, a cantora passeou com igual competência por canções como “Caminho das Ãguasâ€, “Menininha do Portãoâ€, “Encontros e Despedidas†e “Santa Chuvaâ€. Além dessas, outras músicas do passado proporcionaram momentos notáveis, como a animada “A Festaâ€, acompanhada com palmas por quase todo o público presente, e “Cara Valenteâ€, primeiro samba de sucesso gravado por Maria Rita, cujo refrão se fez ouvir aos brados da platéia.

A cuidada produção do show revelaria ainda outras surpresas, como uma troca de figurino, de uma saia e blusa de cores vibrantes para um reluzente vestido de lantejoulas, que privilegiou o corpo e as coreografias da cantora. Seguindo a onda de “Cara Valenteâ€, veio mais uma troca de cenário e um terceiro momento do show, onde outros sambas recentes foram visitados, como “Corpitchoâ€, “Maria do Socorro†e “Maltratar Não é Direitoâ€. Depois disso, os artistas deixaram o palco acompanhados pelos habituais pedidos de bis.

O retorno não trouxe grandes surpresas, apenas repetições dos principais sambas da noite, o que mostrou uma possível desvantagem de um possível repertório fixo da turnê. Mesmo assim, pedidos de mais se seguiam a cada música, fazendo a banda empilhar mais umas três ou quatro canções. Por fim, coube ao grupo tirar mais uma carta da manga e mandar a clássica “Não deixe o samba morrerâ€, imortalizada na voz de Alcione e que pareceu deixar o público satisfeito, enfim. Só me restou voltar pra casa pensando que, qualquer que fosse o meu julgamento sobre o seu disco, Maria Rita, no palco, me lembrou porque ir ao samba é tão diferente de ouvir CDs em casa.

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