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Turn off the bright lights

Interpol ao vivo no Rio de Janeiro - Fundição Progresso, 13/03/08

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por Rodrigo Ortega

Fotos: Tay Chagas

Uma natureza forte e imponente era o tema das imagens exibidas na imensa tela atrás do palco da turnê de Our Love To Admire, do Interpol, que passou pelo Rio de Janeiro, na última quinta-feira. O que a banda e o público não esperavam era que estas forças sobre-humanas agissem também do lado de fora da tela: um dilúvio durante toda a noite e alguns minutos de silêncio e escuridão ajudaram a esfriar um pouco mais o show da banda de Nova York. Mesmo assim, o esforço dos músicos, a boa-vontade do público e as pérolas do repertório do grupo garantiram alguns momentos bonitos.

O vocalista e guitarrista Paul Banks apareceu de camisa social preta e com a sobriedade esperada. O único movimento expansivo que vinha dele era dos poucos fiapinhos de cabelo soltos do penteado lambido na cabeça e curvado nas pontas, que dançavam contra a luz do palco. Sua postura era compensada pela presença mais animada do guitarrista Daniel Kessler e do baixista Carlos Dengler, cujo novo cabelo o credencia como uma versão roqueira de Sweeney Todd.

O público foi receptivo e entrou na onda já na primeira música, “Pioneer to the fallsâ€, mas o show só esquentou mesmo algumas músicas depois, com “Slow Handsâ€, hit do segundo disco, Antics (2004). A apresentação seguiu com altos e baixos, entre o encanto e a monotonia. “No I in treesomeâ€, por exemplo, um pouco mais suave do que no estúdio e acompanhada de uma enorme imagem de veados selvagens no telão, foi uma das partes bonitas, mesmo que a música perca um pouco a graça sem a explicação da moça da MTV.


Da dir.: Daniel Kelssler, Paul Banks e Carlos Dengler

Durante as músicas mais fracas do disco novo, dava para viajar com as fumacinhas subindo (o número de fãs de Interpol que fumam é impressionante) e as gotas d’água descendo pelas goteiras do lugar, incluindo uma na cabeça do Paul Banks. O vocalista, porém, acabou se revelando em uma boa noite: conversou com o público duas ou três vezes e não perdeu o bom-humor nem depois que o som e a luz pifaram e o show foi interrompido durante vinte minutos.

A parte pós-intervalo-involuntário acabou sendo a melhor, principalmente pelas músicas que eles guardaram para o final. O corinho de “Stella I love you†em “Stella was a diver and she was always down†foi a melhor intervenção do público. Depois de alguns minutos de escuridão total, foi ainda mais emocionante ouvir o “It’s up to me now / turn on the bright lights†de “NYCâ€. Custei a acreditar que Paul estava sorrindo e enrolado na bandeira do Brasil no final.

Mesmo tendo que enfrentar as ruas alagadas do lado de fora, a noite valeu a pena. Mas fazer no palco algo tão bom quanto aquelas gravações de estúdio é uma tarefa meio ingrata para os músicos. Ver o Interpol ao vivo ser incrível num lugar muito bonito, ou muito intimista, ou com um som perfeito, e nenhum desses era o caso da Fundição Progresso.

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