Depois de nove dias e 126 filmes, a organização da Mostra de Tiradentes anunciou na noite de ontem os premiados da mostra. Confira abaixo a lista completa:

Juri Jovem

Destaque Livre: Ainda Orangotangos

Melhor Filme: Sábado à Noite

Juri da Crítica

Destaque Livre: O Grão

Melhor Filme: Meu Nome é Dindi

Juri Popular

Vídeo: A Hora do Primeiro Tiro

Curta: 1° Lugar - Câmara Viajante

2° Lugar - A Cidade e o Poeta

Longa: O Senhor do Castelo

O público parecia não entrar em um acordo sobre os dois últimos filmes da noite de ontem. Ao sair da sala de cinema, ouvi os comentários mais divergentes possíveis: do amor ao ódio.

Meu nome é Dindi e Nome Próprio têm em comum o fato de possuírem duas mulheres fortes como protagonistas. Dindi (Djin Sganzerla) luta para manter aberta a quitanda de sua família e acaba sendo ameaçada por um agiota. A partir daí, o filme mistura pedaços de sonhos com realidade e tempos psicológicos para contar um pouco da trajetória da personagem e de sua maneira de lidar com o presente. O problema é que vira uma viagem só. Homens vestidos de relógio, palhaços que andam por aí carregando pastas azuis... E você custa entender como eles foram parar naquela praia, para, no capítulo seguinte, voltar a não entender (não era um sonho?). Ponto para a ótima seqüência da neurose de Dindi em sua casa e para a reação de seu namorado diante do palhaço morto (“Meu Deus! Eu matei um palhaço feliz!�).

Camila (Leandra Leal), protagonista de Nome Próprio, é uma jovem insuportável. Tanto que nem ela se agüenta. Segundo o diretor Murilo Salles, “é um filme sobre um bicho, e o bicho é a vida�. Camila é o bicho. Vive oscilando entre a letargia e a explosão. Entre um post e outro de seu badalado blog, ela tenta escrever um livro, incomoda todos a sua volta e toma bola com cerveja no café da manhã. A única coisa que parece libertá-la é escrever. E é escrevendo que ela narra a história de seus desencontros sem entender bem porque todos que passam por sua vida acabam, invariavelmente, a abandonando.

Hoje, a exibição de Estômago fecha o festival, às 22h. Os melhores curtas eleitos pelo juri popular serão exibidos às 21h e a cerimônia de encerramento acontece às 22h30.

O baiano João Miguel, que já atuou em filmes como Cinema, aspirinas e urubus e Cidade Baixa, acompanha de perto o festival e já é figurinha carimbada nas exibições e shows que fecham a noite. Entre uma sessão e outra, ele aproveitou para falar ao Pílula Pop um pouquinho sobre seu trabalho e a experiencia de ser o ator homenageado na mostra.

Com é ser o ator homenageado na Mostra de Cinema de Tiradentes?

No início a homenagem me soou estranha. Eu pensei: o que é que eu vou falar? Porque geralmente o homenageado é quem tá no final da vida ou já morreu. Mas depois eu entendi que essa homenagem é quase uma descatalogação da homenagem tradicional. Representa discutir as pessoas no meio do caminho, no meio do percurso. Eu me considero um ator aprendendo a fazer cinema com colegas, com pessoas que estão me levando a me descobrir. A mostra como um todo tem essa cara de discutir as vertentes do cinema brasileiro a partir da ousadia de pessoas que se colocam no risco.

Três trabalhos seus estão sendo exibidos no festival: Deserto Feliz, Mutum e Estômago. Algum desses filmes te marcou em especial?

Não. Os três tem significados importantes por terem sido feitos em lugares diferentes, com diretores de vários estados diferentes e discutindo coisas diferentes. Então eu tenho o maior carinho por todos, porque como ator é muito importante se deslocar, conhecer seu próprio país para poder falar das histórias.

Estômago é o último filme a ser exibido na Mostra. O que podemos esperar dele?

Estômago fala sobre Raimundo Nonato, um cozinheiro que saí da cidade pequena para a cidade grande em busca de sucesso e acaba se dando mal. Fala de comida, de poder, de sexo e fala desse cara que vai, de alguma maneira, ganhando poder através da comida. É bem interessante.

A chuva finalmente deu uma trégua em Tiradentes e a praça voltou a se transformar em sala de cinema. O filme de ontem foi o documentário O Senhor do Castelo, sobre a vida do escritor Ariano Suassuna.

Olhando para frente: Otávio e as Letras, às 18h; Meu nome é Dindi, às 20h e Nome Próprio, às 22h. Quem passar pela praça pode conferir o documentário PQD, às 21h.

Show com direito a performance no meio do público.

Olhando para frante: Hoje tem Onde Andará Dulce Veigas, às 18h; Corpo, às 20h; O Senhor do Castelo, às 21h e Amigos de Risco, às 22h.