O Udora está de volta a Belo Horizonte. O grupo, que saiu daqui para os EUA há quatro anos em busca de uma carreira internacional, pôde novamente ser visto ao vivo pelos seus fãs originais. Volta e meia é possÃvel encontrar algum dos integrantes andando por aà ou até dando uma palinha em shows alheios. Mas a volta não havia acontecido por completo, digamos assim.
Fui informada deste show no Lapa durante a participação especial de Leonardo Marques, guitarrista do Udora, no show do Monno n`A Obra. E foi o próprio Monno que abriu o show de retorno do Udora. Era uma parceria que, na minha cabeça, não podia fazer mais sentido.
Monno é o representante potencial do rock mineiro da mesma forma que Udora (ou Diesel, naquela época) foi em 2000/2001. O Pop Rock Brasil e a abertura de show para o Skank em São Paulo são, de certa forma, o que o Rock in Rio 3 foi para o Udora, daquela época. Depois de passear por palcos e platéias maiores, o Monno parece muito mais à vontade e entrosado, com o toque especial de belos vÃdeos projetados no telão.
Udora: parceria com o Monno não por acaso
Mas falemos da volta do Udora, agora mais em sintonia com o Brasil. Depois de lançar o disco Liberty Square e de trocas de integrantes, o grupo resolveu cantar em português. Para uma banda como o Udora, essa era uma escolha inimaginável há cinco anos, quando tocar falando o idioma local soava como apenas uma espécie de ensaio para uma carreira internacional à la Sepultura.
Quanto ao show, o que me chamou atenção de primeira foi a grande quantidade de fãs que se mostraram fanáticos, cantando várias músicas em coro, pulando sem parar e gritando “Diesel! Diesel!â€. Acho legal o pessoal mostrar o quanto era fã da banda desde o princÃpio, mas tenho certeza que o Udora ficaria muito feliz de ser chamado pelo seu nome atual.
Os músicos estavam bem auxiliados por instrumentos e equipamentos importados, caros e bonitos, mas mesmo assim a qualidade do som deixou a desejar. Não sei se isto se deve à acústica do Lapa, mas não consegui entender uma palavra do que Gustavo Drummond cantou, muito menos se era em português ou em inglês. O baixo do novato Debary estava inaudÃvel próximo ao palco, e só lá ao fundo perto da mesa de som, que consegui dissociar um instrumento do outro.
“Diesel! Diesel!â€, gritaram os fãs, mas noutra hora eles berraram “Udora! Udora!â€
Drummond conversou muito com o público, fez declaração de amor à Belo Horizonte e chegou a dizer que este foi o show em que mais ficou nervoso em toda a sua vida. Teve também seu momento diva, sozinho no palco, cantando uma baladinha, com foco de luz único sobre ele.
As músicas novas são um tanto mais maduras que as do passado. A banda está deixando de lado sua onda hard core, com incursões pelo grunge, para agora enveredar por caminhos mais modernos. A própria decisão de cantar em português representa uma quebra com as influências da década de noventa e a partida para um som próprio, com a mira (bem calibrada) voltada para o público brasileiro.
Não sei se essa mudança de direção e de estratégia é resultado de desilusões em terras gringas. Mas não deixa de ser uma ótima escolha, afinal, o Udora está de volta, cantando para pessoas que falam português e acompanharam a trajetória da banda de perto, de longe. E de perto.