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Somente para seus Olhos

por Costoli. Igor Costoli

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Nascido da mente fértil do autor britânico Ian Fleming, James Bond começou a carreira na literatura policial, mas foi no cinema que encontrou o sucesso. Sangue frio, mulherengo e irônico, o assassino 00 mais famoso do mundo protagonizou nada menos que 21 longas ao longo de seus 42 anos. Precisei eliminar metade do MI:6 até encontrá-lo. Bond respeitou meu método de apuração, e concordou em conceder esta entrevista antes de me matar. 7 homens dentro de uma sala, e só um sairá vivo dela.

007 contra o irĂ´nico colaborador


Os diamantes sĂŁo eternos

Pílula Pop – Mr. Bond, como foi o início de sua carreira, contra o Satânico Dr. No, em 1962?

Connery – Suponho que concordamos todos que contracenar com Ursula Andress é, provavelmente, a melhor estréia que um conquistador pode ter no cinema. De fato, ali estabeleci as características que se tornaram marca registrada da série que, inclusive, levou o Oscar de Efeitos Sonoros, em 1965, contra Goldfinger. Mas isso é apenas para cinéfilos, naturalmente.

Pílula Pop – E o que aconteceu, quando, após cinco filmes de sucesso, vieram críticas pesadas? Disseram que você já não era mais o mesmo.

Lazemby – A crítica é, por vezes, incompreensível. A serviço secreto de sua majestade, tive de agir sozinho contra Blofeld e sua organização Espectro, nesse filme que foge um pouco da mitologia original. Suponho que os fãs não tenham aceitado bem “o filme com o casamento de James Bond”, uma mudança ousada, e houve uma rejeição que definitivamente não aconteceria com o outro cara.

Pílula – Certamente, porque ele nunca se casaria.


Por que público e crítica não me levam a sério?

Lazemby – Quer mesmo chegar vivo ao final desta entrevista?

Pílula – Naturalmente. Dois anos depois, James Bond volta em grande estilo. O que fez com que decidisse voltar? Foi o dinheiro?

Connery – É evidente que sim. Após marcar meu rosto e meu estilo, gravei meu nome na história e, para muitos, assim como os diamantes, tornei-me eterno. Mas precisava continuar crescendo como ator, por isso voltei apenas para viver este papel e deixar morrer minha participação. Depois disso, nunca mais.

Pílula – Converso com você sobre isso depois. Agora eu gostaria de saber do Mr. Bond como foi o desafio de substituir o mito?

Moore – Naturalmente que não foi fácil, entretanto, estive muito bem acompanhado, sempre (riso irônico)...

Pílula – Naturalmente...


Com 007 Ă© assim: "se der mole eu paaann..."

Moore – Na verdade, o diretor Guy Hamilton voltava para seu segundo trabalho, em 1973. Com Viva e deixe morrer, começou a estabelecer novos níveis de complexidade nas histórias. Some-se a isso a trilha original, composta por Paul e Linda McCartney, e, convenhamos, é uma grande estréia. Hamilton também dirigiu o filme em que eu era a caça, contra o homem com a pistola de ouro. Na seqüência, a entrada de Lewis Gilbert na direção levou-nos a outro patamar.

Pílula – Efeitos especiais...


Entrou numa fria, e se saiu muito bem...

Moore – Precisamente. O espião que me amava teve seqüências no Egito, no fundo do oceano, e uma perseguição de esqui em montanha, todas elevando os níveis de ação em uma escala jamais realizada. Era 1977, e os efeitos começavam a deslanchar. Ainda que o Bond way of life já estivesse eternizado, meus longas definiram os parâmetros daquilo que seria outra marca registrada da série.

Pílula – Apetrechos tecnológicos, roupas especiais, carros fantásticos...

Connery – Por favor, só há um carro fantástico no mundo.

Todos – Aston Martin DB5.

Pílula – Bom você ter voltado à conversa, Mr. Bond. Você disse que nunca voltaria e...

Connery – Never say never again... Kim Basinger e Barbara Carrera também foram dois bons motivos. E afinal, há uma marca pessoal de 007 que ainda não foi citada aqui, apesar de ser a mais evidente.


NĂŁo Ă© considerado da linha oficial, mas como ignorar um longa deste sujeito?

Pílula – O humor britânico.

Connery – Quase tenho vontade de não matá-lo...

Pílula – Aposto que Mr. Bond não concordaria com isso em nenhuma circunstância.

Dalton – Certamente. Os anos de 87 e 89 foram exceções no argumento de minhas missões.

Pílula – Marcado para a Morte e Permissão para matar. Apesar de sempre fazer parte do universo do agente secreto, há um tom mais sombrio no ar...

Dalton – Pela primeira vez, uma passagem marginal à minha própria mitologia. Nessa época, fui considerado mais humano e menos super-homem. Matei com ódio, promovi banhos de sangue. Permissão para matar era cruelmente diferente do restante da série. Sempre havia muito em questão, pessoalmente. Era movido a vingança...


Eu mato Ă© mais de mil!

Pílula – E um "Bond Shakesperiano", além de muito criticado, não obteve sucesso nas bilheterias... Uma pena, em se tratando da oportunidade de histórias mais violentas.

Dalton – Evidentemente. E se mato você ao final, é por respeito também.

Pílula – Muito me lisonjeia, mas a mim convém evitar. Acrescente-se, sobre esta época, que foi a verdadeira exceção em sua carreira.

Lazemby – Está me provocando?

Pílula – Desta vez, não. Ou melhor, não você. Critico a resposta que se seguiu.

Brosnan – Convenhamos que representei uma recuperação no sentido dos maiores ícones que minha própria figura marcou no cinema. Fui capaz de combinar ironia, fleuma, charme e ação. Após a frustração do final dos anos 80, voltei de um limbo de 6 anos para recuperar a série. Representei também outro marco, a primeira aparição de Judi Dench como M, chefe dos agentes 00.

Pílula – Sua auto-estima é imbatível também. Concordo, mas sua época representa um exagero de efeitos visuais, passando a viver deles.


Versatilidade. Todos em um sĂł...

Brosnan – Reconheço. Quanto mais perfeitos se tornavam os efeitos visuais e as possibilidades, piores elas se tornavam em verossimilhança ou realismo. Entretanto, eu poderia derrubar esse argumento meramente cinéfilo, já que o cinema é o locus da fantasia, do inimaginável. Lembre-se que estou ali para isso, fazer o que homens comuns não podem fazer.

Pílula – Certo. De modo que ao longo de 42 anos de carreira e 22 filmes...

Craig – 21.

Pílula – ... contando um filme não-oficial, chegamos ao Cassino Royale. Homônimo do primeiro livro de Ian Fleming, de 1953, e do filme de 1967, que foi realizado em forma de sátira da série.

Craig – Woody Allen sobrinho de James Bond? Essa história precisava ser recontada... Martin Campbell, volta à direção depois de Goldeneye, e o que se pode ver nos trailers parece ser uma estética diferenciada dos longas anteriores, de imagem muito limpa, simpática, típica americana. É evidente que isso precisava ser revisto.


Os agentes 00: todos o foram, e ainda assim há um estranho no ninho...

Pílula – De modo que a tendência é acreditar que este novo Cassino Royale seja mais realista, em comparação com o desastroso outro dia para morrer. Algo mais que esse filme tenha de especial?

Craig – Eva Green.

Pílula – Naturalmente.


Tempos modernos, quando um loiro pode vir a se tornar Sean Connery...

Dalton – Então, Mr. Costoli. Divertiu-se em companhia de seis agentes 00?

Pílula – Certamente.

Lazemby – Sei o que está pensando. Quer construir um raciocínio que o torne o sétimo James Bond.

Pílula – Enganou-se. Admiro, reconheço e defendo o trabalho de todos vocês. Mas ainda prefiro Jack Bauer.

* Tiros* fim da gravação

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