O retângulo quase perfeito A televisão alcança os dvds por Rodrigo Campanella receite essa matéria para um amigo
A televisão não presta, certo? Cinema é que é bom. Literatura então, maravilha. Vamos lá, como é que uma caixa com uma tela que se presta a fazer o espectador ficar vidrado nela sem piscar pode ser boa? E televisão serve é pra veicular propaganda. O que eles colocam no meio é só encheção de lingüiça.
Se você nunca ouviu uma opinião parecida com o parágrafo acima, levante a mão. Depois, saia do abrigo subterrâneo onde vive há quarenta anos e venha aqui fora dar uma volta. Você vai descobrir coisas interessantes. Por exemplo, que se despeja lixo às toneladas nas telonas e nas livrarias semanalmente - e ninguém crucifica a literatura ou sai por aà pregando o fim dos cinemas.
Ainda assim, a televisão é a primeira a ir para a fogueira em qualquer discussão envolvendo cultura. O assunto dá pano pra manga. Foi pensando na televisão que os americanos fizeram os primeiros estudos querendo saber como as pessoas recebiam a comunicação – a busca pelos efeitos.
A intenção, nada nobre, era compreender esse mecanismo para vender idéias e coisas mais facilmente. Com a fórmula na mão, supostamente se alcançaria uma publicidade com 100% de acerto no público.Claro, isso não aconteceu. Alguém se esqueceu de contar a eles que ser humano e sociedade são mais esquivos que o Homem-Borracha – e bem mais complexos.
O momento acima não resume a relação complexa entre sociedade e tv, mas é sintomático. Antes e depois dessas pesquisas, a televisão continuaria a ser vista como propaganda escamoteada – para vender produtos, idéias, sexo, ideologias. Mas no começo dos anos 90, surgia um certo disquinho prateado que, uma década depois, cortaria um pouco as asas dessa mentira.
Se a televisão fosse só um mexidão publicitário, pouca gente pagaria para ter esse tipo de coisa em casa. Mas retângulos e retângulos cheios de televisão em dvd chegaram e venderam como água gelada: chegava o tempo dos boxes. Séries, especiais, minisséries, documentários. E colocados lado a lado com muito do que se vê no cinema ou (vamos ser francos) nas livrarias, mostraram que qualidade e arte estão no quê se faz e não necessariamente no onde - que não é nenhum segredo genial.
Em nossa primeira temporada sobre o assunto, escolhemos três boxes de safra recente que mostram o quanto se pode fazer independente do tamanho da tela. Divirta-se – seja onde for.
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