Pagando de bad boy grisalho
Numa edição de X-Men, a Rainha Branca ensina seus alunos a lidarem com telepatia. Como lição do dia, ela propõe invadir a mente de seus astros favoritos de cinema. E oferece, logo a seguir, “uma medalha de ouro para a primeira menina que descobrir a terrÃvel verdade sobre Tom e Nicole...â€.
Em algum ponto entre os anos 80 e 90, a vida de Thomas Cruise Mapother IV, nascido em 1962, se misturou para sempre com a vida de Tom Cruise, astro de Hollywood. O lado pessoal, incluÃdo aà o casamento com Nicole Kidman, passou a fazer parte da agenda da mÃdia tanto quanto seus filmes. Mais impressionante é perceber como o galã de Hollywood faz parte da própria memória cinematográfica de quem nasceu nos últimos 25 anos. Basta listar os filmes para ficar surpreso. Numa parte qualquer da filmografia temos: "Questão de Honra", "A Firma", "Entrevista com o Vampiro", "Missão: ImpossÃvel" e "Jerry Maguire – A Grande Virada". Quando Cruise começou a fazer sucesso, não parou mais.
A primeira faÃsca de estrelato aconteceu com Negócio Arriscado, de 1983, mas o grande estouro veio com "Top Gun – Ases Indomáveis", em 86. Muitas vezes dispensado no inÃcio da carreira por diretores (de comerciais) que o descreviam como “intenso demaisâ€, Cruise usou sua inquietação constante para crescer. Usando o status conquistado junto ao público, passou a buscar diretores consagrados e papéis que pudessem erguê-lo como ator. Treinado desde a infância para ser um vencedor em tudo que fizesse, Tom Cruise queria ser, na vida real, o Super-Homem.
Foi indicado ao Oscar por "Nascido em 4 de Julho", "Jerry Maguire – A Grande Virada" e "Magnólia". Não levou nenhum dos carequinhas dourados, mas conquistou um Globo de Ouro por cada um desses filmes. Trabalhou com Stanley Kubrick rodando "De Olhos Bem Fechados" e carimbou sua imagem nas telas como o agente Ethan Hunt de "Missão: ImpossÃvel" e o vampiro Lestat de "Entrevista com o Vampiro".
Criado numa casa cercado de mulheres (irmãs e a mãe) e viajando constantemente na infância devido a dificuldades financeiras (frequentou 15 escolas diferentes em 14 anos), Cruise parece ter aprendido a interpretar o tempo todo – e a se adaptar a toda situação. Seu charme calculado vale para divulgar sua religião, a Cientologia, contar sobre suas relações com Katie Holmes, a atual paixão, ou manter afastada dos olhares do público sua dislexia.
A meta de Cruise é ser o vencedor – o maior. Isso ajuda a entender o projeto megalomanÃaco de "Guerra dos Mundos" (com Spielberg) e o fato de suas interpretações atuais no cinema serem tão... “eu sou Tom Cruiseâ€. No fundo, ele talvez só quisesse ser, como o Super-Homem, à prova de balas. Imune a toda sua própria confusão.
“Nem adianta, marciano. Eu sou muito mais famoso que vocêâ€