Por trás de estranhas
personagens...
Conta Comigo, Louca Obsessão, Cujo, O Cemitério Maldito, Um Sonho de Liberdade, O Aprendiz, À Espera de um Milagre,
1408... Se você passou os últimos trinta anos na mesma dimensão que o restante do planeta, provavelmente já assistiu a algum(ns) desses filmes. Todos são originados da mente doentia e genial de Stephen Edwin King, que vê mais uma história sua chegar aos cinemas com
“O Nevoeiroâ€, conto do livro Tripulação de Esqueletos.
Nada mal para o garoto introvertido e fanático por gibis de terror, que encontrou na fantasia um local de escape para a pobreza e a ausência do pai. Imprimindo suas angústias no papel, King teve sua vida mudada quando ainda morava com a esposa e os filhos em um trailer, onde era obrigado a apoiar sua máquina de escrever no colo para registrar as histórias de sua imaginação. Foi lá que a esposa retirou da lixeira o manuscrito sobre uma menina paranormal humilhada pelos colegas de sala. Sim, era Carrie, seu primeiro sucesso e também o inÃcio de seu namoro com o cinema.
Após a adaptação de
Brian de Palma, veio uma onda de filmes baseados em suas obras que acabaram por tornar King sinônimo de terror, sendo talvez o mais notável “O Iluminadoâ€, de Stanley Kubrick. Mas quantidade nunca quis dizer qualidade e foi nessa época, durante a década de 80, que foram cometidas algumas das piores adaptações de suas histórias, como “O Sobrevivente†(em que Arnold Schwarzenegger luta para sobreviver em um programa de televisão do futuro) e “Comboio do Terror†(dirigido pelo próprio King).
A virada veio com a adaptação de “O Corpoâ€. Transformado por
Rob Reiner em “Conta Comigoâ€, o filme imortalizou River Phoenix na pele de um dos garotos na busca de um cadáver que acaba se tornando uma jornada de autodescoberta. Após esse longa, a essência das obras de King pareceu ser compreendida. O que importa não são seus “monstrosâ€: afinal, não são lá grandes coisas um São Bernardo com raiva, um carro serial killer e uma faca elétrica assassina. O interessante é o aspecto psicológico de seus personagens humanos - os “monstros†servem apenas como representação metafórica dessa psicologia ou estopim para alguma deformação psicótica.
Já se passaram mais de trinta anos e continuamos a nos assustar com nossa face distorcida no cinema, na tela que funciona como espelho refletor da alma humana. Para a nossa sorte, e do próprio King, cineastas talentosos continuam bebendo na sua fonte. Que ela não seque tão cedo.
...esconde-se um estranho homem.