Mr. Peabody & Sherman (2014) | |
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Direção: Rob Minkoff Elenco: Ty Burrell, Max Charles, Lauri Fraser, Guillaume Aretos |
O conceito é ótimo: um cachorro que possui um garoto de estimação. Ou melhor, adotado. Um cão gênio que adota um menino e viaja no tempo com ele. A divertida premissa da animação para tv dos anos 50 e 60 se torna um longa que tem como um de seus problemas ser… longo. Infelizmente “As Aventuras de Peabody e Sherman” prova que nem sempre aquilo que funciona como curta vai ser bem esticado para os 90 minutos da tela de cinema.
Sr. Peabody é o tal cachorro brilhante que fala e que cria o atrapalhado Sherman. Quando o menino vai para a escola e sofre bullying de uma colega, tem-se início uma crise que vai acabar os levando para uma aventura em diversas épocas diferentes. Em nenhum momento o fato do cão falar ou possuir uma máquina do tempo é questionado, e isso é fundamental para já de início estabelecer o sentido farsesco que ditará o olhar do filme para momentos como a Revolução Francesa e a Guerra de Tróia.
A ideia das viagens no tempo como forma de educar as crianças – o público alvo da produção – é boa, mas cansa. Ao longo de uma hora e meia de projeção, as explicações do Sr. Peabody deixam de ser informação para tornar o personagem extremamente pedante – uma espécie de versão canina do Michael Sheen em “Meia-Noite em Paris“. Da mesma forma, as trapalhadas de Sherman começam a perder a graça dado a repetição exagerada, fazendo de um personagem puro e ingênuo um idiota quase completo. As aventuras em períodos do tempo distintos, que seriam eficientes se durassem uns 20 minutos, perdem força por se transformarem em episódios que se acumulam sem muita graça, com cara de enrolação para fazer a história render.
Assim, o longa desperdiça o carisma de seus personagens e a oportunidade de brincar mais a fundo com figuras históricas. Claro, é divertido ver alguns momentos importantes da humanidade por uma perspectiva satírica, mas a tv e a internet já oferecem esse tipo de proposta sem o preço caro do ingresso.
Há várias piscadelas para os adultos (com Bill Clinton, por exemplo), mas eu mesmo só ri uma vez, com uma piada envolvendo o Spartacus. Juntar aula de História e diversão é sempre bem vindo, mas “As Aventuras de Peabody e Sherman” se afunda demais em um didatismo que parece distante da hiperatividade infantil atual.
Todo o caráter surreal da trama provoca um início de simpatia. Mas que nunca se completa de verdade. Neste sentido, é sintomático que esteja no filme a Mona Lisa, famosa por uma expressão em que não se tem certeza de estar sorrindo. Mais ou menos o nosso sentimento ao término da sessão.