Thor: The Dark World (2013) | |
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Direção: Alan Taylor Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Tom Hiddleston, Anthony Hopkins |
Estou desenvolvendo uma teoria a respeito da fase 2 da Marvel. Eu chamo esta teoria de “Efeito Vingadores-Disney”. E ela á basicamente assim: após o sucesso de “Os Vingadores”, toda produção do estúdio parece ser obrigada a seguir a fórmula do seu maior sucesso, nunca se levando muito a sério e fazendo o máximo de piadinhas possível. Além disso, depois da compra pela Disney, suas produções têm apresentado tramas que nunca oferecem nenhum apelo dramático verdadeiro aos personagens. Como desenhos animados que são esmagados, mas não verdadeiramente feridos, as pessoas/deuses/monstros vistos na tela jamais demonstram estar em perigo verdadeiro, já que tudo acaba convergindo para o retorno à situação confortável inicial. É um sistema de graça e engano, em que o humor te sacode de um lado enquanto você lida com ameaças falsas do outro (sendo o Mandarim o exemplo ainda mais forte). A teoria, é claro, ainda precisa ser checada, e até agora se baseia apenas nos filmes já lançados e na séria de tv “Agents of S.H.I.E.L.D.”. O trailer de “Capitão América – O Soldado Invernal” aponta em outra direção (apesar de que o de “Homem de Ferro 3” também fazia a mesma coisa…), mas “Guardiões da Galáxia” promete ser o ápice deste estilo, digamos, despretensioso de cinema.
Toda essa divagação é para tentar explicar os motivos pelos quais “Thor – O Mundo Sombrio” poderia ser um filmaço, mas não é. O principal problema do primeiro filme, o alívio cômico de Darcy, é agora explorado ao máximo, contagiando outros personagens e cansando pelo excesso (efeito Vingadores). Por outro lado, o vilão Malekith, rei dos elfos negros, nunca se faz realmente temido pelo público (apesar do visual bacana e da boa interpretação Christopher Eccleston), com seu plano clichê de trazer a escuridão ao universo (efeito Disney). Espremido no meio disso está uma produção bem feitinha que grita épico para todos os lados, com bons momentos dramáticos que são enfraquecidos pelas causas já citadas.
Alan Taylor dirigiu episódios de “Game of Thrones” e traz um pouco de sujeira e de terror para a aventura do deus do trovão, mas a sensação é que estamos vendo dois filmes: um sério, com mortes e destruição, e outro que parece um seriado adolescente de manhã de domingo. Estes dois filmes não se comunicam bem, resultando em personagens mal aproveitados e um roteiro por vezes preguiçoso, usando coincidências como muletas narrativas. O início quer muito ser “O Senhor dos Anéis” e as passagens na Terra são chatas, em uma história meio forçada de Jane sendo infectada por uma das armas mais mortais do universo. Mas então vem o ataque a Asgard…
É impressionante como a obra cresce a partir daí, explorando não apenas a arquitetura, as armas e veículos do local, mas também a interação entre os personagens. Toda a sequência é grandiosa, a ação insana e “Thor – O Mundo Sombrio” engata de vez, principalmente pela hipnotizante presença de Loki, com Tom Hiddleston ainda melhor. Entretanto, a cada momento de tensão, vem obrigatoriamente uma piada para aliviar, e assim a trama vai se enfraquecendo. Não é que as piadas sejam ruins – a maioria funciona bem -, mas não combinam com o tom que Taylor tenta imprimir.
No final das contas, o filme é superior ao primeiro por insistência (é mais tudo: ação, personagens, humor), mas com os mesmos problemas de equilíbrio. Há ainda duas cenas extras, uma durante os créditos (que faz ligação com “Guardiões da Galáxia”) e outra depois, com direito a mais uma piada. “Thor – O Mundo Sombrio” comprova por enquanto a minha teoria. E apesar de ser uma diversão competente, espero que o efeito Vingadores-Disney passe logo.
2 respostas para “Thor – O Mundo Sombrio”
[…] para criar um estilo extremamente fantasioso e engraçado. Apesar de ainda sofrer do “Efeito Vingadores-Disney“, o gosto de frescor no ar equilibra bem o descompromisso dramático com o uso inusitado de […]
[…] Marvel volta a acertar no equilíbrio das piadinhas, e apesar de manter algumas características da fórmula Disney, o resultado é de longe o mais satisfatório desde “Os […]