Ted


Nossa avaliação

[xrr rating=4.5/5]

Seth MacFarlane é o criador de “Uma Família da Pesada” e “American Dad”. Então não é surpresa que sua estreia como diretor de cinema seja feita na medida para os fãs das animações da tv. “Ted” tem aquela mistura de politicamente incorreto com surrealismo que causa gargalhadas espontâneas, surgidas pelo absurdo da situação. Tudo recheado pelas mais variadas referências pop.

E aí pode estar o maior problema do filme: “Ted” depende demais de suas referências para ser engraçado, e quem não for “iniciado” nas obras citadas pode ficar meio perdido no meio de tanta cultura midiática. Mas se você conhece de Susan Boyle ao “Flash Gordon” cult trash dos anos 80, esta é possivelmente a melhor comédia do ano. A premissa já é em si fantástica: quando criança, John (Wahlberg) ganhou um urso de pelúcia e fez um desejo de natal para que o brinquedo ganhasse vida. O urso falante rapidamente fica conhecido no mundo todo, os anos se passam e Ted (o próprio MacFarlane) vira uma espécie de subcelebridade que vive com seu melhor amigo trintão.

Este é o ponto de partida para uma história que envolve amadurecimento, fama, amizade e atira para tudo que é lado. É preciso suspender a descrença e, bem no estilo de “Uma Família da Pesada”, entrar na brincadeira. Ted fala os maiores absurdos e grosserias, mas o fato daquilo sair da boca de um ursinho “fofo” transforma o que poderia ser ofensivo em engraçado, além de revelar muito das hipocrisias sociais. Muitas situações não fazem sentido (e não têm mesmo que fazer) e o filme abusa do humor físico. Há, entretanto, uma abordagem por demais masculinizada nas piadas, que mais uma vez se concentram na batida história do homem adulto que se recusa a crescer.

“Ted” provoca muitas risadas por minuto, mas não tem uma trama coesa. Alguns personagens vem e vão sem maiores explicações, como a namorada do urso e o chefe da namorada de John (Kunis) interpretado por Joel McHale. Isso dá ao longa uma cara de vários esquetes (ou episódios de tv) que foram colados uns aos outros sem muita preocupação narrativa. Além disso, o vilão (Ribisi) é dispensável, servindo apenas para quebrar o ritmo da comédia, transformando o clímax em uma aventura policial qualquer. Apresentando um fundo conservador disfarçado de comédia liberal, “Ted” consegue cumprir aquilo a que se propõe, entregando algumas das cenas mais divertidas do ano. Joga com os clichês com inteligência (a narração de Patrick Stewart só seria melhor se fosse feita pelo Morgan Freeman) e é um prato cheio para os consumidores de cultura pop (com direito a hilárias participações especiais). Os deslizes estão perdoados: o ursinho de pelúcia é sem dúvida um dos melhores personagens de 2012.


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