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O novo “Fúria de Titãs” é melhor do que o primeiro, o que não chega a ser muito difícil… A refilmagem do longa de 1981 chamou a atenção com um trailer que misturava rock ‘n roll, mitologia grega e ação incessante. Mas acabou sendo uma decepção: personagens mal desenvolvidos, roteiro confuso e um péssimo 3d convertido tiraram o potencial da aventura que acompanhava o semideus Perseu (Worthington) entre a disputa dos deuses do Olimpo.
Na continuação, sai Louis Leterrier e entra Jonathan Liebesman, o que já é um indicativo do tipo de ação incessante que o filme procura. A história continua misturando um pouco de tudo dos antigos mitos gregos, colocando agora Perseu em uma batalha contra Hades e Ares, que pretendem libertar o titã Cronos para destruir o mundo.
A escala é maior, os efeitos são mais impressionantes, a ação é épica e o clima de desolação é total. Mas ainda falta emoção. Em meio ao apocalipse que se anuncia, os personagens não comovem: a presença do filho de Perseu parece ser unicamente para criar algum vínculo emocional com o público, mas ele não ocorre.
Assim, não há uma grande torcida, e a dinâmica mais interessante da história acaba ocorrendo entre os deuses-irmãos Hades (Fiennes) e Zeus (Neeson). Nos poucos diálogos que estabelecem, eles roubam a cena, conseguindo nos dar um vislumbre da potência dramática da verdadeira tragédia grega. Mas infelizmente Liebesman está mais interessado na ação centrada em Perseu, perdendo a oportunidade de colocar mais coração em seu espetáculo de efeitos especiais.
E ação é mesmo o que não falta. A la Michael Bay, o diretor filma um clímax constante, com cortes rápidos e planos fechados que dificultam o entendimento do que se passa na tela. O que parece é que os produtores buscam criar uma nova franquia no estilo “Piratas do Caribe”, apresentando um novo interesse romântico para Perseu e inserindo um dispensável alívio cômico na figura de Agenor (Kebbell). O trio parte para salvar o mundo seguindo à risca a estrutura narrativa de videogame, com várias “fases” a serem atravessadas (e com seus respectivos chefes de fase, claro) até zerar o jogo.
“Fúria de Titãs 2” é divertido e consegue distrair facilmente durante pouco mais de uma hora e meia de exibição. Mas é vazio e facilmente esquecível. Um produto para consumo rápido. Exatamente aquilo que a mitologia grega não era.