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Só o primeiro capítulo de “Extremamente Alto e Incrivelmente Perto” é melhor do que todo “Tão Forte e Tão Perto”. O livro de Jonathan Safran Foer é criativo, divertido, interessante e consegue te pretender de uma maneira fascinante. Tudo que o filme de Stephen Daldry não faz.
Mas não sejamos cruéis. “Tão Forte e Tão Perto” não é nenhum desastre, é só mais um “filme pra Oscar” feito pelo carpinteiro preferido da Academia. O fato de Daldry ter tido todos os seus filmes indicados ao prêmio diz muito sobre o diretor: conhece a fórmula certa para agradar aos votantes e sabe fazer o jogo do marketing. Aqui ele coloca a carpintaria para funcionar de forma quase cirúrgica: criança disfuncional, dois atores oscarizados, coadjuvantes de peso (com direito a um “mudo”) e drama envolvendo os atentados de 11 de setembro.
Não tinha como errar. Mas Daldry erra. Ao optar por uma abordagem emocional do extremo racionalismo do garoto Oskar Shell (Horn), o diretor esvazia a complexidade da história, transformando tudo em um drama de superação da perda.
Oskar é uma criança brilhante (mesmo) que perdeu o pai nos atentados de 11 de setembro. Acostumados a fazerem “jogos” envolvendo mistérios com relação à cidade de Nova York, o garoto encontra uma chave que acredita ser uma mensagem do pai para ele e sai em busca da fechadura que aquela chave pode abrir. No meio do caminho, conhece diversas pessoas e ganha a companhia do Inquilino (von Sydow), enquanto relembra o dia dos ataques ao World Trade Center.
O foco do filme é a busca de Oskar (o garoto, não o prêmio… na verdade, acho que o foco é o prêmio mesmo), e ao colocar um objetivo claro que precisa ser alcançado, a história perde a oportunidade de entrar em uma discussão mais profunda a respeito do estado de entorpecimento dos americanos pós-11 de setembro. Hanks e Bullock (como o pai e a mãe de Oskar) fazem o feijão com arroz básico, enquanto Max von Sydow, Viola Davis e Jeffrey Wright roubam todas as cenas em que aparecem.
Daldry é competente e sabe o que fazer com a câmera, mas o filme possui altos e baixos demais para conseguir uma imersão total do espectador. A realização trôpega cria uma obra sem ritmo, que sofre tanto pelo roteiro de Eric Roth (que não dá conta de condensar de forma orgânica a busca de Oskar com o desenvolvimento dos personagens à sua volta) quanto pela necessidade do diretor em querer te fazer chorar a cada quinze minutos.
Algumas lágrimas podem até vir, mas “Tão Forte e Tão Perto” grita “fórmula” para todos os lados. É pouco diante do que a história de Oskar merecia no cinema.
2 respostas para “Tão Forte e Tão Perto”
O livro é TÃO bom. E eles entenderam tudo errado. Acho que nunca vou perdoar o Eric Roth por reduzir o Oskar a um caso patológico mimado e mal resolvido. =/
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