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Assim que roubou a cena em “Shrek 2” o Gato de Botas deu início a várias especulações sobre uma possível aventura solo. Com a voz de Antonio Banderas, jeitão de galã latino, muita autoconfiança e ao mesmo tempo apresentando características “fofinhas” de gato, o personagem se tornou quase tão querido quanto o ogro verde, sendo presença obrigatória nas continuações que vieram.
E eis que finalmente chega “Gato de Botas” ao cinema. Mais uma vez com a voz de Banderas, o bichano agora tem a companhia de Salma Hayek (cumprindo a cota latina que poderia facilmente ter ido também para Penélope Cruz). Ela é uma gata que trabalha para o ovo Humpty Dumpty (Galifianakis), ex-melhor amigo do gato e que planeja encontrar os lendários feijões que podem levar aos mágicos ovos de ouro daquela história que todo mundo conhece.
Passado antes de “Shrek 2”, o filme é uma aventura tradicional, que bebe nas mais diversas fontes, especialmente o western spaghetti e as história do Zorro: alguns planos, inclusive, remetem diretamente ao primeiro filme do herói mascarado protagonizado por Banderas (além de algumas citações visuais a “A Balada do Pistoleiro”, outro filme do ator na companhia de Hayek).
Apesar de se passar no mesmo universo de “Shrek”, a desconstrução dos contos de fadas que marcaram os filmes do ogro é apenas um segundo plano em “Gato de Botas”. Aqui o humor está presente em momentos inspirados, mas que funcionam muito mais por brincar com os clichês do capa e espada do que pela relação com alguma história infantil.
A animação, o 3D e a imersão provocada pelo Imax funcionam muito bem, especialmente em momentos que exploram a profundidade de campo e a altura de pontes, penhascos, desfiladeiros e… pés de feijão. Mas apesar de começar muito bem, (re)apresentando o personagem título em sequências que misturam humor e ação na medida, “Gato de Botas” cai assim que se estabelece o plot principal, ou melhor, a “missão” do filme: roubar os ovos de ouro.
Isso ocorre porque o desenvolvimento dos personagens é fraco – não fazendo com que nos importemos muito com eles -, ao mesmo tempo em que toda a trama se revela muito mal construída, incluindo aí motivações, reviravoltas e até mesmo o sentido de determinados arcos narrativos.
Funcionando como uma boa diversão tanto para aqueles que já conhecem o personagem, quanto para aqueles que ainda não, “Gato de Botas” é melhor do que os dois últimos filmes da franquia “Shrek” (o que, vamos combinar, não é nenhum grande feito). A ação funciona e o gato tem carisma, mas faltou um pouco de originalidade para trabalhar com o material tão rico à disposição. O resultado saiu uma espécie de “Kung Fu Panda” latino.