Carros 2


Nossa avaliação

[xrr rating=2.5/5]

“Carros 2” é o pior filme da Pixar. Mas isso também não é o fim dos tempos. O estúdio que entregou “Os Incríveis”, “Ratatouille”, “Wall-E”, “Up”, “Toy Story 3” e tantas obras maravilhosas tinha que errar um dia. O resultado é aquém do nível de excelência construído ao longo dos filmes já citados, mas não se trata de um filme ruim. O pior da Pixar é melhor do que muita coisa, e o longa acaba sendo do mesmo nível de um “Kung Fu Panda” da vida.

A trama desta continuação retira o foco de Relâmpago McQueen para se concentrar em Tom Mate, um dos alívios cômicos do original. A temática também muda: de uma jornada pessoal que leva à interiorização da alma e à valorização das coisas simples da vida (lição aprendida por McQueen no primeiro filme), “Carros 2” parte para a aceitação do outro do jeito que ele é. Ou seja, troca-se o eu interior pelo eu exterior. E a história acompanha essa transformação ao deixar de lado a cidadezinha interiorana para expandir os horizontes não apenas em grandes cidades, mas diferentes países. Para fechar direitinho o tema da aparência e das expectativas que os outros criam para que sejamos quem eles esperam, o filme se apóia em uma mirabolante troca de identidades envolvendo agentes secretos.

“Carros 2” é uma imensa homenagem aos filmes de espionagem, especialmente “007”, e poderia ter funcionado muito bem. A técnica da Pixar continua genial: as imagens são belíssimas, apresentado texturas e reflexos de um realismo impressionante. Mas o roteiro é falho e, para usar um trocadilho infame com o tema do filme, larga muito bem para ir aos poucos perdendo potência até se tornar uma decepção a poucas curvas da linha de chegada.

McQueen é desafiado a participar de uma corrida mundial patrocinada por um milionário que descobriu uma fonte alternativa de combustível. Ele leva Mate para acompanhá-lo, mas o guincho é confundido com um agente secreto americano e passa a trabalhar com dois espiões ingleses para desvendar misteriosos ataques aos carros durante a competição.  As cenas de ação são muito boas, mas a trama principal envolvendo as motivações do vilão não faz nenhum sentido. Vários personagens aparecem e desaparecem sem função narrativa, como se estivessem ali apenas para vender brinquedos. E ao colocar o foco em Mate, o filme se perde por não saber como tratar o arco narrativo de McQueen e sua rivalidade com um carro italiano. O que acontece é que nenhuma das duas tramas é satisfatoriamente resolvida, e quando elas finalmente se encontram, o roteiro apela por uma resolução simplista, clichê e forçada.

Apesar dos pesares – e de comer muita poeira na comparação com as outras animações do estúdio  – “Carros 2” é divertido, prende a atenção e te arranca uma ou outra risada. É um filme mediano, feito para agradar ao público infantil (da mesma forma como o original) e ser esquecido assim que as luzes da sala de cinema se acenderem. E isso não é nenhum pecado. Mas em se tratando de Pixar, você vai ver muita gente por aí anunciando o fim do mundo. Não é.


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